Ucrânia: o dia a dia dramático de uma população que luta para sobreviver
Mais de três anos após o início da invasão russa, a população resiste e tenta manter a rotina. A equipe do Fantástico percorreu o país para mostrar essa realidade. Ucrânia: o dia a dia dramático de uma população que luta para sobreviver
Neste domingo (18) foi exibido o primeiro episódio da série especial sobre a guerra: “Ucrânia: O Som e a Fúria”. Mais de três anos após o início da invasão russa, o país continua lutando para sobreviver.
Em meio a sirenes, bombardeios e incertezas, a população resiste e tenta manter a rotina. A equipe do Fantástico percorreu o país para mostrar essa realidade. Veja no vídeo acima.
Bombardeios e destruição
Na capital, Kiev, a reportagem acompanhou os estragos de um ataque com mísseis norte-coreanos que matou 13 pessoas em um conjunto residencial.
"Minha esposa estava cochilando no sofá na hora da explosão. Uma TV que ficava no outro quarto veio voando para cima dela. Agora minha mulher está no hospital. Com braço quebrado, traumatismo craniano e cortes muito profundos", conta um homem.
Em outro prédio, de frente para onde caiu o míssil, um jovem escapou da morte por estar jogando videogame em um cômodo protegido.
"Esse apartamento era da minha avó, do tempo da União Soviética. Moro aqui sozinho com meu gato. Agora não sobrou nada. E eu só não morri porque estava protegido no quartinho do fundo, jogando videogame", relata.
Hospitais e civis sob ataque
De acordo com a Ucrânia, os bombardeios contra alvos civis é uma constante nos ataques russos. Em julho de 2024, um míssil russo atingiu o maior hospital infantil de Kiev. Crianças faziam hemodiálise no momento do ataque. A chefe do Departamento de Oncologia Pediátrica relatou que trabalhou por semanas ininterruptas para manter o atendimento.
“Nunca imaginamos que a Rússia atacaria um hospital infantil, mas aconteceu”, disse.
'Minha casa não existe mais'
Com 500 mil habitantes a menos desde o início da guerra, Kherson vive sob intensa vigilância. A equipe de reportagem percorreu ruas vazias e ouviu relatos de moradores que perderam tudo.
“Minha casa não existe mais”, disse um ex-funcionário da companhia telefônica local.
Apesar das dificuldades, outros moradores se recusam a abandonar suas casas.
"Eu trabalho no centro de serviço social. Não fui embora e não pretendo ir. Para ir embora precisa de dinheiro, precisa pagar aluguel de um apartamento novo. Se Deus quiser isso tudo acabará logo, mas quando, eu não sei", comenta uma mulher.
Em meio a explosões, uma moradora caminha tranquilamente:
“Estou indo ao mercado. Só temos medo quando são bombas guiadas. A artilharia não é nada”.
A vida em meios aos caos
Em Mykolaiv, cidade próxima a Kherson, sirenes de alerta soam com frequência. Hotéis oferecem abrigos antibombas e igrejas acolhem refugiados em seus porões.
"Os serviços de resgate só conseguem retirar as pessoas dos vilarejos durante a noite, porque de dia são caçados pelos drones. Não para de chegar gente. Acolhemos todo mundo, inclusive quem não é da igreja", descreve a coordenadora de um abrigo.
Reabilitação para feridos
Já, em Lviv, longe da linha de frente, feridos de guerra buscam reabilitação no projeto “Unbroken”, que usa o esporte como terapia. O veterano Volodymir lidera o grupo.
"Vim para Lviv fazer reabilitação e percebi que poderia ser útil aconselhando os recém-chegados, pra acelerar a readaptação deles à vida civil. Não me arrependo de ter ido para a guerra como voluntário. Tirei a sorte grande. Estou vivo. Eu viajo, faço escaladas, corro maratonas, dou palestras, ajudo meus irmãos de batalhas. Minha vida hoje é mais interessante do que antes de perder a perna".
O Fantástico procurou representações da Rússia no Brasil para comentar as acusações de ataques a alvos civis, instalações médicas e o saque ao museu de Kherson. A embaixada não respondeu. Já o consulado russo no Rio de Janeiro não abordou as perguntas e enviou um relatório com alegações de crimes de guerra cometidos pelas forças ucranianas.
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