'Traços do passado': biólogo transforma fósseis e descrições em ilustrações de animais extintos
02/08/2025
(Foto: Reprodução) Smilodon, também conhecido como gato-dente-de-sabre
Felipe Capoccia
Dar forma, cor e expressão a um animal que ninguém jamais fotografou é um desafio que exige pesquisa, técnica e imaginação. Esse é o dia a dia de Felipe Capoccia, biólogo de 24 anos e mestrando em Ecologia na Unicamp, que há quatro anos também se dedica à ilustração científica, inclusive de espécies já extintas.
Formado no final de 2023, o paulistano veio para Campinas em 2019, quando começou a graduação, e desde então fez da cidade seu lar. Entre aulas, estudos e o mestrado, ele ainda encontra tempo para atender encomendas de pesquisadores que precisam ilustrar artigos científicos.
Outros mamíferos extintos desenhados pelo paulistano
Felipe Capoccia
“Além do mestrado eu faço as que a gente chama de comissões. Se um pesquisador precisa de uma ilustração para algum artigo, eles me encomendam e eu faço para ilustrar o trabalho”, conta o pós-graduando, que vem se especializando no estudo de insetos.
Nem todas, mas várias dessas encomendas envolvem espécies que já não existem mais. Segundo Felipe, essa é uma tarefa que demanda ainda mais atenção.
Felinos que já foram extintos desenhados pelo biólogo
Felipe Capoccia
“É mais difícil porque não tem muita referência. A maior parte das referências acaba sendo o fóssil ou o esqueleto. Eu pesquiso quais grupos de animais vivos hoje em dia são mais próximos desse animal extinto e uso vários deles como referência para tentar entender como ele provavelmente era”, explica.
O processo é longo: só a parte de pesquisa pode levar de quatro a seis horas, dependendo da quantidade de informações disponíveis sobre a espécie. Depois, vêm cerca de 12 horas dedicadas ao desenho digital em si. Cada detalhe importa, do formato das asas à textura da pele, e tudo é pensado para que a imagem seja o mais fiel possível à realidade.
Canídeos ilustrados pelo mestrando em Ecologia
Felipe Capoccia
Processo de uma vida
A paixão pelo desenho começou na infância, quando Felipe se encantava por animais e passava horas tentando retratá-los. No ensino médio, fez um curso de princípios do desenho voltado para figura humana, que lhe deu a base para estruturar qualquer tipo de ilustração.
Durante a pandemia, voltou a focar em animais, unindo arte e a biologia. “Conforme as pessoas foram conhecendo o meu trabalho, elas começaram a entrar em contato e encomendar ilustrações. Foi aí que tudo virou também uma fonte de renda”, lembra.
Prancha da subfamília de besouros Cassidinae
Felipe Capoccia
Quando perguntado sobre seu tema preferido, Felipe não hesita: insetos, especialmente besouros - grupo com o qual trabalha e que marcou o início de sua trajetória como ilustrador digital. “As primeiras ilustrações que publiquei eram de besouros. É o que mais gosto e também o que tenho mais facilidade de desenhar, por ter mais contato”, revela.
O gosto por insetos também o levou a ilustrar camisetas, canecas, adesivos e outros objetos que são vendidos na loja vitual que reúne Felipe e outros artistas de animais. Ela recebeu o nome de Entomolojinha.
Prancha de insetos comuns
Felipe Capoccia
E assim, entre pinceladas digitais e horas de pesquisa, Felipe segue dando vida a criaturas que já caminharam pela Terra e que agora encontram espaço novamente, ainda que no papel ou na tela.
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