'Sofri pela cor da minha pele, por ser mulher': Dona de medalhas olímpicas no futebol feminino, Maycon relembra início de carreira
06/07/2024
Em julho, celebra-se o mês das pretas, reconhecido pela ONU desde 1992 como o período para refletir sobre as batalhas da mulher preta latino-americana e caribenha. Antonietas selo
Reprodução
Ex-jogadora Maycon manda recado para jovens que sonham em jogar na seleção brasileira
Única catarinense a conquistar medalhas olímpicas pela seleção feminina brasileira de futebol, Andréia dos Santos, conhecida como Maycon, teve um início difícil na carreira.
Ela conta que enfrentou preconceitos como o machismo e racismo, mas incentiva jovens jogadoras que sonham em ser destaque na modalidade a não desistirem.
"O esporte te leva a lugares incríveis", declara.
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Em julho, celebra-se o mês das pretas, reconhecido pela ONU desde 1992 como o período para refletir sobre as batalhas da mulher preta latino-americana e caribenha. Por isso, o Projeto Antonietas, da NSC, faz uma série de perfis e conta as histórias de mulheres negras catarinenses.
Como tudo começou
Maycon nasceu em Lages, na Serra de Santa Catarina, e tem 47 anos. O apelido ela ganhou por causa da semelhança com o cantor Michael Jackson.
Para buscar a carreira de jogadora de futebol, ela precisou deixar a cidade-natal, onde não havia um time feminino de futebol, e ir para São Paulo.
“A minha carreira não foi fácil. Sofri muito preconceito, pela cor da minha pele, por eu ser mulher. Mas em nenhum momento eu desisti. Continuei sonhando e realizando os meus sonhos porque nós mulheres somos fortes e por isso a gente nunca desiste", declara.
Jogadora Maycon na Copa do Mundo de 2007
Frederic J. Brown/AFP/Getty Images
Conquistas
Enquanto jogadora, ela foi medalha de prata naa Olimpíadas de Atenas e Pequim e no Pan de Guadalajara. Conquistou o ouro no Pan de Santo Domingo e do Rio de janeiro. E, ainda, o segundo lugar na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2007.
Sobre a valorização da modalidade em relação ao tempo em que era jogadora, ela reconhece que houve progresso, contudo não há equidade com os homens.
"Teve uma boa melhora. Hoje, são mais valorizadas, têm mais espaço na mídia, mais valor nos clubes", diz, ao mencionar também o lado financeiro que, segundo ela, melhorou muito.
"Hoje em dia, conseguimos assistir a um jogo estadual na TV. Mas muitos clubes têm ótimas estruturas e ainda assim fazem pouco caso das mulheres! Mas já teve uma evolução", declara.
Seleção brasileira feminina olímpica de 2008. Maycon está com a camisa 6
Getty Images
Maycon parou de jogar em alto nível no final de 2016. "Retornei à minha cidade-natal, Lages, no começo de 2017, onde fui acolhida e passei a trabalhar na Fundação Municipal de Esportes. E tenho uma escolinha em São José do Cerrito [na Serra catarinense]".
Às jovens jogadoras que sonham em um dia representar o Brasil na seleção feminina de futebol, o conselho e recado de Maycon é não desistir.
"Se eu consegui, saindo da Serra catarinense, onde não existia um futebol feminino, você também consegue! Por mais difícil que seja, por toda a dificuldade que você vai enfrentar, é muito prazeroso, porque o esporte te leva a lugares onde as tuas lembranças serão acesas para sempre. Então continue lutando, não desista, porque uma hora você será vencedora, assim como eu fui".
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