Conheça programa que permite adoção de animais silvestres resgatados do tráfico no RS
07/08/2025
(Foto: Reprodução) Governo gaúcho procura voluntários pra acolher animais silvestres
O governo do Rio Grande do Sul lançou nesta semana um programa que permite a guarda legal de animais silvestres resgatados do tráfico ou vítimas de acidentes. A iniciativa Guardiões da Fauna é coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e tem como objetivo ampliar a rede de mantenedores responsáveis, desafogar centros de reabilitação e oferecer um destino legal e seguro a animais que não podem retornar à vida livre.
Atualmente, cerca de 150 animais estão aptos para adoção. Entre as espécies que podem ser acolhidas estão papagaios, caturritas, bugios, macacos-prego, lagartos, tartarugas e gato-do-mato.
Segundo a médica veterinária da UFRGS, Ana Carolina Contri, os animais que chegam aos centros de reabilitação podem apresentar ferimentos e nem sempre consegue retornar à natureza.
“Muitos dos animais chegam para a gente muito machucados e com lesões que acabam impedindo o retorno deles à vida livre, que é sempre o nosso objetivo", relata.
Manter animais silvestres em cativeiro sem autorização é crime ambiental. Denúncias de situações irregulares devem ser feitas aos órgãos competentes.
Como funciona
Interessados em se tornar guardiões devem se cadastrar pelo Sistema Online de Licenciamento Ambiental (SOL). Após o envio da documentação, a Sema realiza vistoria técnica no local indicado e avalia se o espaço cumpre os critérios exigidos.
Para participar, é necessário:
residir no Rio Grande do Sul;
não ter histórico de infrações ambientais ou processos relacionados à fauna;
ser aprovado em vistoria técnica;
comprovar capacidade de manter o bem-estar e a segurança do animal.
Cada guardião poderá acolher até cinco animais, com possibilidade de ampliação para até dez no caso de aves. A comercialização, reprodução e exposição pública dos animais são proibidas, mas atividades de educação ambiental podem ser autorizadas pela secretaria.
Os voluntários não podem escolher a espécie a ser adotada, mas devem informar a estrutura já existente ou a ser construída no local. O objetivo é ampliar a rede de proteção e não atender preferências pessoais.
“O projeto nasceu com uma intenção simples, mas poderosa: permitir, de forma excepcional, que pessoas físicas ou jurídicas, desde que cumpram os critérios legais, possam ter a guarda desses animais, com acompanhamento técnico e autorização da Sema", afirma a diretora de biodiversidade da Sema, Cátia Viviane Gonçalves.
A secretária Marjorie Kauffmann, titular da Sema, afirma que o programa representa um compromisso com a proteção da biodiversidade. “Queremos oferecer um destino digno a esses animais e, ao mesmo tempo, fortalecer a consciência coletiva sobre a responsabilidade que todos temos em proteger a biodiversidade.”
"Isso nos faz felizes", diz guardiã
A empresária Natália Andreghetto é uma das primeiras guardiãs. Ela acolheu duas macacas-prego, Betina e Beatriz, que viviam acorrentadas em um porão.
“Quando elas chegaram aqui, elas tinham muito medo, e hoje elas estão começando a pular, a ser livre, a ser macaco, que é o que elas devem ser”, afirmou.
Natália também destacou o envolvimento emocional com os animais. “O meu hobby é isso. Gosto de vir para a minha casa e cuidar dos meus animais. Tem muitas outras pessoas como eu, que estão dispostas a dar amor, tempo, trabalho e dinheiro para eles, porque isso nos faz muito felizes", disse.
A empresária Natália Andreghetto acolheu duas macacas-prego, Betina e Beatriz, que viviam acorrentadas em um porão
Reprodução/RBS TV
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